top of page
  • Foto do escritorJuliana Motta

9. RESGATANDO O AFROFUTURISMO COM @UBUNTU_LABE

Atualizado: 16 de dez. de 2020

“O UBUNTU_LABE É UMA PRÁTICA VINDA DE UM SENTIMENTO DE INSATISFAÇÃO COM A REALIDADE ATUAL. SE TORNANDO UMA PLATAFORMA DE PROTAGONISMO PARA PESSOAS PRETAS NO UNIVERSO DA INOVAÇÃO”, define Gilberto Ramires, um dos fundadores do projeto.

Ramires, residente em Imbariê, Baixada Fluminense em Duque de Caxias no estado do Rio de Janeiro, estudante de Tecnologias Educacionais na Universidade Estácio de Sá, é envolvido com diversos projetos de cunho social que incentivam à educação, em sua maioria, para sua comunidade local.


Em um dos movimentos que em esteve envolvido, conheceu Matheus, professor na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e esse encontro não poderia ter sido mais inovador: “Eu conheci o Matheus na casa Naara, uma casa de cultura no centro do Rio, em uma das rodas de conversas oferecidas pelo local. Durante uma conversa após a roda, ele comunicou que trabalhava com inovação para cidades inteligentes e que poderíamos pensar em algo para trabalharmos juntos. Na hora eu disse que não tinha, porque nunca havia me visto em um lugar de academia. Só que depois fui pensando sobre isso e comentei sobre os projetos que já tinha no meu bairro, e nessa o Matheus contribuiu orientando no que poderia ser feito, mas adaptado para um recorte racial. E foi assim que ele me convidou para aplicar isso dentro da universidade”, revela Ramires.


Para compor o grupo, Ramires convidou o Christian, estudante de Gestão Pública e Ciências de Dados na UFRJ e pesquisador na área ambiental: “o Christian era muito mais ativo na militância antirracista do que eu era na época. Eu pensava: “beleza, eu sou negro e eu estou trabalhando com tecnologia. Eu sei que é foda, eu sei que é difícil, mas não sei o que posso fazer sobre isso”. Eu estava nesse lugar, mas ele não. O Christian era uma pessoa muito mais consciente”.


Além dos três integrantes, o grupo também é composto pela Joana à convite do Matheus, que apoiou na comunicação e elaboração das dinâmicas nas etapas do projeto, e além dela, tem o Lawrence, à convite do Christian, que é estudante de Biblioteconomia na UFRJ e está cursando Análise e Desenvolvimento de Sistemas.



“A Joana veio da Europa e atuava com algumas metodologias usadas em academias de empreendedorismo, startups e etc. A proposta era a inovação onde pensavam muito em startups para cidades inteligentes e o Matheus também fez o mestrado dele em cidades inteligentes no exterior. Na UFRJ o Matheus já atuava em programas envolvendo cidades inteligentes, quando pensamos no Ubuntu_Labe, pensamos em como protagonizar pessoas pretas nesses lugares de inovação tecnológica. Resumidamente, existia um projeto meu e um projeto do Matheus. O Chris trouxe a visão política, o Lawrence o apoio na comunicação externa, a Joana trouxe a visão holística e humanizada da situação. Tudo isso se uniu e foi assim que nasceu o UBUNTU_Labe em Outubro do ano passado”, explica Ramires.



O UBUNTU_Labe foi criado em cima de várias problemáticas. O âmbito tecnológico é defasado de pessoas pretas e isso é um contexto estrutural. Um exemplo disso é o racismo nos domínios de algoritmos, como o case do robô da Microsoft que foi tirado do ar após diversos comentários racistas que foram reproduzidos por essa tecnologia.


O programa iniciou em março deste ano com duração de nove meses e foi baseado nas seguintes temáticas: SAÚDE E SANEAMENTO, EDUCAÇÃO POPULAR, VIDA URBANA, GÊNERO, ÉTICA E PRIVACIDADE DIGITAL. Um dos principais critérios foi beneficiar graduandos, mestrandos e doutorandos auto declarados pretos e pardos.


O desenvolvimento do projeto consistiu em cinco etapas: SENTIR, VISIONAR, PROTOTIPAR, ESCALAR e CELEBRAR. A partir da seleção dos projetos, houveram especialistas nas áreas que atuaram como parceiros para o desenvolvimento de cada etapa do programa: “Nós da U_Labe nos enxergamos como impulsionadores. Uma questão de “tutoria” sobre os projetos”, diz Ramires.


Além disso, ele revela que houveram algumas surpresas durante a seleção: “quando a gente lançou a chamada do edital na UFRJ, houveram 170 pessoas inscritas e mais da metade eram mulheres negras. Dos nove projetos finalizados hoje, mais da metade são feitos por elas e tem grupos que são inteiramente de mulheres negras. Inclusive, numa possível próxima edição do programa e em nossos movimentos daqui pra frente, estamos nos dedicando pra que esses números se repitam também na equipe que organiza o Ubuntu_Labe, complementa o fundador.


Entre os dias 30/11 a 02/12 os projetos foram apresentados na etapa “CELEBRAR” para vários investidores, parceiros e multiplicadores: “nós geramos um edital extraordinário de bolsas para as pessoas que querem participar e terminar seus projetos. Conseguimos fazer conexões para facilitarmos esses encontros. Teve várias pessoas que estavam lá que se interessaram e vão entrar em contato com os akunjis (palavra em iorubá que significa pessoa encarregada de uma missão, como apelidamos os grupos participantes do programa)”, explica Ramires.


E ao ser questionado sobre o futuro do UBUNTU_Labe Ramires revela: “o que a gente vai fazer agora é se manter nesse lugar de impulsionador. Agora estamos mais focados em dar continuidade no movimento para manter essas pessoas que se engajaram por tanto tempo a permanecer neste propósito. E também manter a rede que construímos para poder compartilhar oportunidades sobre editais, financiamentos, oportunidades de trabalho, e caso a gente consiga o financiamento para um novo programa, vamos ativar essas pessoas e desenvolver um programa que consiga abranger a comunidade preta e também a comunidade periférica”.


O UBUNTU_Labe é um idealizador do resgate da cultura do afrofuturismo através da inserção de pessoas pretas na tecnologia e inovação:


“A gente quer formar pessoas para um pensamento diferente sobre negritude e tecnologia, e isso não é distante. Precisamos formar esse espaço para um futuro mais próspero e esse é um dos meios de conseguir conhecimento e renda. Eu enxergo o UBUNTU_Labe como uma plataforma impulsionadora que é essencial para mudar a realidade que temos e promover um futuro melhor”, finaliza Christian Basílio, co-fundador do projeto.

Conheça os projetos dos nove Akunjis da primeira edição do UBUNTU_Labe:

ASANTE

MANIVA



E os integrantes do UBUNTU_Labe batem um PAPO SEM PADRÃO no GERÚNDIO sobre a iniciativa do programa e os projetos incríveis que foram criados nessa edição. Se liga só!


 

Siga o UBUNTU_Labe nas redes sociais e conheça mais sobre o programa:



75 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page